Ivana Maria França de Negri
Escritora e Acadêmica da APL
A literatura infantil, quer escrita, quer contada, é fascinante. Crianças adoram ouvir, ler e também contar histórias. Seu imaginário é fértil e elas vivenciam as histórias lidas ou que lhes são contadas.
O escritor piracicabano Thales Castanho de Andrade, está sendo homenageado pelos 130 anos de seu nascimento, em Setembro de 1890.
Autor de cerca de 50 obras, foi precursor da preservação da Natureza numa época em que nem se pensava em ecologia. Seus quatro livros da coleção “Encanto e Verdade” são verdadeiras jóias que toda criança deveria ler. São eles: A Filha da Floresta, El Rei Dom Sapo, Bem-te-vi Feiticeiro e O Fim do Mundo.
Sua obra A Filha da Floresta fala sobre a devastação das florestas. El Rei Dom Sapo conta a história do Agapito, menino rejeitado e de má índole, mas que depois de vários acontecimentos, muda suas atitudes e passa a ser um defensor ferrenho da natureza. São obras belissimamente ilustradas pelo artista Alípio Dutra e publicadas pela Editora Melhoramentos, dignas de serem adotadas por escolas de todo o país, e divulgadas mais amplamente.
Minha neta Ana Clara, quando tinha apenas 4 anos, adorava as histórias do escritor Thales Castanho de Andrade, principalmente El Rei Dom Sapo. Meu marido contou certa vez a historinha e ela gostou tanto que pedia a ele que a recontasse todos os dias. O personagem Agapito era o seu preferido.
Certa vez, passeando pelo Shopping, entramos numa livraria, e duas moças, contadoras de histórias, entretinham um pequeno grupo de crianças. Com roupas coloridas, trejeitos e gestos espalhafatosos para dar ênfase a cada frase, as contadoras pareciam mesmo encantadoras de crianças.
Ana Clara se interessou pelas histórias e sentou-se no tapetinho com as outras crianças para ouvir também. Quando as moças terminaram, pediu: – “Conta agora a história do Agapito!”. As duas contadoras de histórias se entreolharam. E ela continuou: -“meu avô sabe!” Ao esclarecermos que era um personagem do livro de Thales Castanho de Andrade, elas confessaram desconhecer a história e o autor.
Como duas piracicabanas que contavam histórias não sabiam quem foi Thales Castanho de Andrade? Ele é considerado o fundador do gênero infanto-juvenil, que antes era atribuído a Monteiro Lobato. Constatou-se que Thales publicou o livro “A Filha da Floresta” em 1919 e Lobato editou “Reinações de Narizinho” três anos depois, em 1922. Lobato foi destituído do título que passou a ser de Thales.
O garoto Tiago, que foi alvo de matéria na Gazeta, é uma criança que ama ler! E já “devorou” os livros da coleção do Thales, sempre incentivado pela mãe Alessandra. E qual o presente que ele gosta de ganhar? Livros! O amor pela leitura que se forma na infância, perdurará pelo resto da vida.
A Associação Amigos de Thales, com muito empenho e união, conseguiu a impressão de três mil exemplares desses livrinhos que foram distribuídos nas bibliotecas e escolas. E é preciso dar continuidade a esse louvável trabalho para que a memória de Thales se perpetue e seu rico legado seja conhecido pelas novas gerações.