Falando de Thales…

Valdiza Maria Capranico
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
e Acadêmica da APL

Setembro 2020. Há exatos 130 anos nascia em Piracicaba, um menino, cuja história de vida enche de orgulho nossa Terra. Thales Castanho de Andrade

Em sua Trajetória de vida, deixou-nos exemplos de dedicação e amor às crianças…

Afirmamos, mais uma vez, que Thales não foi só um simples professor, mas um GRANDE educador. Estão aí suas histórias para crianças que nos mostram isso: como é bom, importante, respeitar a Natureza.

Com sua simplicidade, sua alma caipira, e infantil, conquistava a todos.

Seu mais importante livro “SAUDADE”, foi editado quase 60 vezes!!!

Sampaio Doria, que prefaciou quase todas essas edições define assim essa obra: “… eis um livro digno de aplausos. Para que ele se imponha não é preciso confrontá-lo com a massa de livros, sem ideias e sem estilo, que andam por aí a enfarar e deseducar as crianças… o autor tem a instituição exata da psicologia infantil, sabe ser criança entre as crianças, aliando a um assunto próprio, uma linguagem sóbria e expressiva. Com a leitura desse livro, a memória nos revive, num aperto de coração, os dias descuidados de nossa meninice. Temos saudades do que fomos…”

Esse prefácio continua válido nos dias atuais. Quanta falta faz às crianças de hoje, lerem bons livros infantis, que deixem a elas uma mensagem válida, positiva, para toda a vida.

Também conhecemos, por amigos seus, que ele viveu um dilema para propor o nome desse romance… sua esposa lhe dizia que criança não sentia saudades… Mas, resolveu pesquisar entre seus alunos na escola onde lecionava, perguntando a eles de que sentiam saudades… e, entre as muitas e curiosas respostas, um menininho no fundo da sala chorava. Ele aproximou-se dessa criança e perguntou-lhe por que chorava.

A resposta dessa criança comoveu-o e o nome do livro nasceu daí: o menininho lhe disse que chorava de SAUDADES de sua mãe que morrera…

Há muitas passagens de sua vida, que pesquisando nos acervos do IHGP, poderíamos escrever … E quantas lições elas nos trazem…

Entre muitas de suas outras habilidades, Thales também foi o criador de um refrigerante dos anos 40: a Cotubaina.

De onde surgiu esse nome? Na época, a gíria comum era “Cotuba” que hoje seria equivalente ao nosso “barra limpa” cidadão notável… e, como a bebida foi para as melhores mesas da época, de cidadãos ilustres, seu nome: Cotubaina…

Também temos relatos de que, quando Piracicaba completou 200 anos, em 1967, seu grande amigo João Chiarini o homenageou com uma herma, confeccionada pelo artista Luis Morrone, à frente da Escola Morais Barros, onde ele também lecionou. Dizem que ele sorriu ao descobrir que abaixo da cobertura da mesma, estava a inscrição:

“A THALES CASTANHO DE ANDRADE, A MAIOR CRIANÇA GRANDE DO BRASIL” – Agosto de 1967.

Em suas obras, todas, sempre teremos muito que aprender… que falta ele nos faz nos dias de hoje… quanta SAUDADE de Thales

E, hoje, tanto tempo depois de seu falecimento, podemos com certeza reforçar a frase que o DIÁRIO de 04 de outubro de 1977 trazia, em manchete:

“A saudade de Thales de Andrade começou”.

(que havia falecido em 02/10/1977).

Piracicaba tem o dever de divulgar mais suas obras nas escolas, nos lares, em eventos culturais especiais.

Nós, no IHGP, estaremos sempre dispostos a divulgar sua história de vida. Quem sabe, assim teremos melhores cidadãos no futuro.

Um encontro inusitado no presente/passado

Christina Aparecida Negro Silva
Diretora da EE Dr. Prudente

Jamais me esquecerei daquela tarde de verão…

Descia desanimado a rua que ladeia o rio Piracicaba, observando o triste fio d’água a tentar encobrir as pedras do Véu da Noiva, cachoeira sem água, ossatura de pedras brancas, consequência do excesso de produtos químicos nas águas do rio, quando, perto do Museu da Água, ouvi um farfalhar de folhas nas poucas árvores dali. Sem nem eu mesmo entender o porquê, desci o barranco e me encaminhei para onde o som do canto de um sabiá me indicava.

Momento estranho, as poucas árvores tornaram-se frondosas, o mormaço da tarde foi trocado por um frescor verdejante e vi, a poucos metros de mim, um menino que parecia procurar algo no chão, coberto de folhas secas e flores. Flores? Mesmo o rio, há pouco tímido em volume d’água, estava caudaloso e a linda cachoeira vertia feliz suas águas borbulhantes. O barulho de carros foi substituído por gorjeios de pássaros e aplausos de folhas à fresca brisa.

O menino parecia saído de um álbum antigo, trajava um uniforme escolar azul marinho com camisa branca. Camisa? Muito esquisito aquilo tudo, sem camiseta, tênis ou boné, o menino olhou-me chegando e disse – Ah, pensei que fosse ela. Ela? Quem seria?  Uma namoradinha, talvez. Com a curiosidade aguçada, perguntei: — Quem? Ele pousou seus olhos vívidos em mim, respondendo: — A FILHA DA FLORESTA! Eu a encontrei aqui, certa tarde, atraído pelo canto de um sabiá. Eu estava enlevado, quando senti a presença de alguém que me observava, assim como você fez há pouco. Então, eu me virei e a vi: uma linda moça de olhos claros, cabelos cor de mel, vestida de verde e sorrindo para mim. Antes que pudesse perguntar qualquer coisa, ela me disse:

Sou a FILHA DA FLORESTA, não te assustes! Minha mãe me protege, é ela quem me alimenta, pelas folhas de seu arvoredo se evapora tanta água, tanta, até que o ar se umedece e assim atrai as nuvens e as deixa tão pesadas que os ventos não as podem arrastar…Depois sob a copa protetora das árvores, esconde e guarda toda água que as nuvens derramaram e quando o sol vem, não as pode beber. Eis porque as fontes não param de jorrar…

Eu estava boquiaberto. Um menino vestido à antiga, saído de um tempo passado, contava uma história fantástica, com precisão descritiva de adulto. Não notando minha admiração, ele continuou sua narrativa. – Ela pediu minha ajuda! Como eu, um menino de dez anos, posso ajudá-la? Eu vim aqui hoje para que ela me esclareça isso…será que você pode me auxiliar a encontrar essa resposta? A FILHA DA FLORESTA ainda continuou me dizendo:

Eu sou a fonte – passo a vida inteira dando de beber a todos: aos homens, ao gado, aos passarinhos, às flores perfumosas, às hortaliças e às árvores boas que dão frutos. Sei que tu és amigo das plantas e agora que te desvendei meu segredo, que pedir-te que me ajudes, pois já sabes que a destruição das matas é a minha sentença de morte. Ora, a minha morte será a morte dos animais, das plantas, a desgraça do Homem. Ajude-me!

O menino continuou falando –Aproximei-me, mas antes que conseguisse tocá-la, ela sumiu, assim, por encanto. Apenas uma borbulhinha de água vi saindo debaixo da terra, bem aí onde você está, do seu lado direito – apontou ele para uma fontezinha que eu nem havia percebido antes. Sem saber o que pensar (nem sabia onde estava) naquele clima surreal, ouvi-me dizendo: a FILHA DA FLORESTA deu-lhe uma missão, você vai crescer, desenvolver seu conhecimento sobre Ecologia e deverá deixar registrado na História tudo que aprendeu como legado às futuras gerações. Tenho a convicção de que ela quis dizer-lhe isso ao pedir a sua ajuda, para que você oriente as pessoas para preservarem os mananciais, visando salvar o planeta da destruição que o próprio homem, por ignorância, está praticando. Quem sabe, um dia, você vai escrever sobre isso para ensinar as crianças sobre a importância da água, da floresta, da Natureza e …O menino sorria e, olhando para mim com real satisfação, disse: — Muito bem, Sílvio, agora você começou a entender.

Como ele sabia meu nome? Epa, que estranha sensação! Uma onda de calor, cheiro de poluição do rio, uma sonoridade moderna invadia agora aquele RECANTO TRANQUILO de segundos atrás. O menino sumira, onde estariam as flores perfumosas, o frescor do arvoredo, a fonte tímida a jorrar suas águas cristalinas? Em seu lugar, notei um pequeno e antigo livrinho. Ao ler o seu título na capa, realmente, entendi tudo!

A partir daquele encontro inusitado, minha vida mudou literariamente. Busquei ajuda com amigos para reimprimir o livrinho- A FILHA DA FLORESTA, do escritor Thales Castanho de Andrade, meu amigo, por quem tenho uma eterna gratidão, pois despertou-me o desejo de expandir seus ideais de preservação à natureza para as crianças e jovens, através de suas narrativas fantásticas e tão ricas em ensinamentos sobre ecologia, ciência que usou com desenvoltura nos enredos de seus livros:  EL REI DOM SAPO, COLIBRI FEITICEIRO, A FILHA DA FLORESTA e SAUDADES.

A Thales, meu reconhecimento e gratidão.

A rua da minha saudade

Carmelina de Toledo Piza
Contadora de histórias e Acadêmica da APL

Na rua em que vivi
De terra batida e pisada
De pé no chão
Jogava amarelinha e rodava pião.

Tinha:
Polenta da Dona Helena,
A jabuticaba da Vó Glória,
A manga da Dora e da Dona Adelaide.

Na rua em que vivi
Com cheiro de terra molhada
Soltava pipa e brincava com boneca de pano,
Mãe da rua e queimada.
De pega-pega e esconde-esconde.

A saudade bate no coração
Na leitura do livro de Thales Castanho de Andrade
Vem na memória uma infância rica de pé no chão.
Saudade!

Na rua em que vivi
Saudade marcada
No corpo, nas histórias que ouvia
Nas cantorias dos cururueiros.
Saudade! Saudade! Saudade!

Flor de Ipê ( Thales Castanho de Andrade)

Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins
Escritora e Acadêmica da APL

Entre ricas paisagens campestres

Nasce disputa de amor!

Dócil e gentil donzela

é cortejada por dois:

um jovem, sensato rapaz

e um senhor “cobiçador”!

Ambos, aos fins de semana,

visitam a família feliz:

o sincero apaixonado

e o velho galanteador!

De olhos na bela garota

O “duo” não se contém.

Cada qual à sua maneira

na luta por conquistá-la

exibe, naturalmente,

o que lhe passa na alma!

As imagens, gestos mostrados

revelam os sentimentos…

Final da história, só lendo!

À custa de aposta sutil,

e “pacto” bem humorado

vence o amor, a felicidade

ao abraço das flores douradas

do cupido Ipê Amarelo!

Thales Castanho de Andrade e eu

Cássio Camilo Almeida de Negri
Vice-Presidente da APL

Revolvendo os escaninhos de minha mente, nos meus profundos “sankaras” desta encarnação, procurei pela primeira história que eu me lembrasse de ter ouvido na vida.

Meus pensamentos foram progredindo até a idade de quatro anos.

Me vi sentado no chão forrado com um pano de algodão branco, parecendo um saco de açúcar alvejado. Pernas cruzadas, e ao meu lado, uma jovem negra de uns vinte anos, também sentada na minha frente, contando-me uma história.

Ela era semi analfabeta, mas conhecia muitas narrativas e lendas, e eu adorava ouvi-la.

Vi essa moça negra, de riso fácil envelhecer, tornar-se uma idosa e falecer aos 82 anos. Foi minha segunda mãe e me acompanhou em toda trajetória de vida.

Mas voltando aos quatro anos, sentado no saco branco alvejado, que ela dizia que era para eu não tomar a friagem do chão de cimento vermelho, ela me contava a história do Agapito. Eu conhecia a história de Thales Castanho de Andrade intitulada El Rei Dom Sapo, como a história do Agapito.

Sempre que meus pais saíam para dar aulas, eu ficava com ela, sentávamos nos panos e eu pedia:

-“Bá (o nome dela era Sebastiana), você me conta a história do Agapito?”

Quando ela terminava, ainda me contava as fábulas de Esopo, Branca de Neve, A raposa e as uvas, e também contava as lendas de Piracicaba como a da Inhala Seca e do Capitão Nhô Lica. Mas a que eu mais gostava mesmo era a história do Agapito.

Meus pais eram professores, e como mamãe tinha sido aluna do professor Thales, tínhamos em casa o livro Saudade e os pequenos livros ilustrados de histórias infantis. Eu observava as figuras, como a do capítulo I e do capítulo XI, onde existe uma casinha, uma mulher dando milho para as galinhas e um mastro de festa de São João no terreiro.

Eu me imaginava brincando feliz nesse pátio poeirento de terra, esperando que a porta da casinha se abrisse e de lá saísse o Agapito para brincar comigo.

Já um pouco maior, minha mãe contava sobre Thales, seu professor, e até quando nos deliciávamos com a Cotubaína, ela dizia que a fábrica da família Andrade, e ficava defronte à Escola Moraes Barros.

Já adulto e avô, tenho saudades da minha netinha Ana Clara pequena (agora adolescente) me pedindo:

“Vovô, conta a história do Agapito para eu dormir?” E sempre, logo após Nhô Fidelis e Nhá Vicência terem encontrado o bebê negrinho abandonado na porta de sua casa, ela já estava dormindo…

Obs: Quem ficou curioso para saber de toda história, leia El Rei Dom Sapo e todas as outras histórias desse escritor pioneiro, e deguste as lições de ecologia em cada narração, na minha opinião, maior que Monteiro Lobato. Só que este, teve muito mais propaganda e divulgação de suas obras.

Lufa-lufa de Dom Sapo

Carmen Pilotto
Escritora e Acadêmica da APL

Brincando com os títulos biográficos
de Thales de Andrade

Saudade
Do campo ou da cidade?
De ler brincando o Campo Feliz
E enxergar a estrela mágica
Como o melhor presente
Ou a caminho do céu

Sapos coaxam entre árvores milagrosas
Visões de encanto ou de realidade?

Saudade
Da praga da cidade
Ou do feitiço do campo?
Do feitiço do campo?
Do campo?

Saudade, saudade
De uma história de verdade…

Uma História Verdadeira

Aracy Duarte Ferrari
Escritora e Acadêmica da APL

“…Cívicas lições de amor a vida rural
respeito ao homem do campo e orgulho pela nacionalidade…” (Senado…1990)

O professor Thales Castanho de Andrade, piracicabano, ruralista número um, realizador de seus sonhos, foi professor e deu aulas na rede pública de ensino,durante parte de sua vida. Foi pioneiro da leitura infantil, conforme registro e elogio do escritor e amigo Monteiro Lobato e notabilizou-se com romance juvenil, infanto-juvenil, chamado “Saudade”, escrito em 1918.

            Em suas obras, Thales deixou explícitas regras precisas para a proteção do meio ambiente, alertando sobre as prováveis consequências, caso o ecossistema não fosse respeitado e tratado corretamente. Era um intencionalista ecológico.

            Ao perceber, naquela época, a chegada rápida do desequilíbrio ecológico, iniciou um trabalho direto com as escolas, propondo soluções viáveis para muitos problemas, e toda a teoria e a prática desenvolvidas, estão inseridas nos seus livros “Filhas da Floresta”, “Bem-te-vi”, “Feiticeira”, “Bela”, “A verdureira”, “Árvores Milagrosas”, “A Fonte Maravilhosa” e “Flor do Ipê”, deixando bem claro o seu objetivo prioritário de proteger o meio-ambiente.

            Thales soube, como ninguém, utilizar a habilidade de contador de histórias para despertar a imaginação infantil, incessante e modificadora, preparando os jovens para serem futuros defensores ecológicos em sua própria casa, local de trabalho e na comunidade.

            O trabalho incessante do educador teve bons resultados, mas poucos recursos foram destinados, naquela época, para a ecologia, ou para alicerçar os seus projetos pioneiros. Mesmo atualmente, quando a sociedade está muito mais preocupada com os altos riscos que representam o desequilíbrio das forças da natureza, e acha importante investir em projetos e dar suporte operacional a tudo que possa proteger e recuperar o meio-ambiente, a obra de Thales de Andrade continua relegada à segundo plano.

Thales Castanho de Andrade – 1891 – 1983

Ésio Antonio Pezzato
Poeta e Acadêmico da APL

Se Thales não cresceu e sempre foi criança,
Por que tivemos nós de nos tornar adultos,
Perder do coração a efêmera esperança
E dos sonhos pueris esmagar nossos cultos?

Hoje dias sem sol nublam nossa lembrança
E fantasmas de dor arrastam os seus vultos.
A ciranda morreu e sepultou a dança,
Nossos sonhos azuis hoje seguem ocultos.

Se Thales mesmo adulto era um simples menino
E de cores povoou nossos sonhos dourados,
Em qual atalho foi que erramos o destino,

E crescemos sem fé, entre dores e miasmas,
Sem sorrisos de sol e sem sonhos alados,
E colamos em nós, máscaras de fantasmas?

O Encantador de Crianças

Elisabete Bortolin
Escritora e Acadêmica da APL

Thales Castanho de Andrade, piracicabano da gema, fomos privilegiadas com tal presença em nossa cidade. Oh! Thales, Saudade suas entre nós que vivemos um momento de isolamento dentro de nossas casas impedidas de sair às ruas por conta da pandemia. Quais novas histórias você nos contaria sobre esses dias?

Você nos brindou com maravilhosas histórias contadas com muita emoção. As crianças ficavam embevecidas ouvindo o que acontecia com cada personagem dos seus livros.  Que legado você nos deixou.

A Filha da Floresta se você vivesse em 2020, veria as queimadas e incêndios volumosos acabando com nossa Amazônia, dilapidando as árvores por conta da ganância de madeireiros. Oh! Thales ainda bem que você não está presente para ver isso.

El Rei Dom Sapo, o que ele nos diria das águas poluídas dos nossos rios Piracicaba e Tietê?

Bem Te Vi Feiticeiro, precisamos de seu encantamento e feitiçaria para acabar com quem faz tráfico de animais em nosso país. Os setores governamentais responsáveis, não tem dado conta de vencer mais esse tipo de corrupção.

Bela, A Verdureira, se você soubesse quantos tipos de agrotóxicos estão contaminando nossos legumes, verduras e plantações, ficaria decepcionada.

Árvores Milagrosas, poderosas que nos dão sombras, renovam o ar que respiramos, nos oferecem seus frutos e nos encantam com suas flores. Ainda nos resta a esperança de replantar árvores ao redor do mundo. As sementes da vida sempre se renovam.

Vida na Roça e Fim de Mundo, voltar a viver na roça, saindo dos centros urbanos, muitas famílias tem feito essa opção. Fugir desse concreto armado, quente, que sufoca e nos distancia da natureza. Esse será o Fim do Mundo se a população não voltar a reconhecer o valor da Vida na Roça.

Campo e Cidade, O Sono do Monstro que quer devorar a vida de quem está submerso em sonhos de devastação. Assistindo em redes sociais devaneios que se transformam numa realidade cruel.

Rainha dos Reis, Praga e Feitiço, traz para nossas crianças a volta das brincadeiras de pura alegria como pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, cabra-cega, vividas ao ar livre sem a contaminação das telas do universo digital de hoje, com gosto de sorvete de isopor.

O Capitão Feliz, A Fonte Maravilhosa, seria a água o elixir da vida, capitaneada finalmente por pessoas que sabem cuidar da saúde da população?

Itaí, o Menino das Selvas, O Mistério das Cores, Estamos num mundo onde o progresso quer derrubar todas as Selvas que encontrar onde aprendemos que vida é cor, vibração e energia.

Flor do Ipê, O Melhor Presente, que árvore magnífica é o ipê, um dos símbolos de nossa querida Piracicaba. Realmente o melhor presente que recebemos foram todos esses livros como um legado para nossa cidade através da Maior Criança Grande do Brasil de seu venerável e honrado Professor Thales Castanho de Andrade.

A filha da floresta

Carmen Pilotto
Escritora e Acadêmica da APL

Descobrindo Thales de Andrade

No peito de um sonhador cabem florestas

Ora fechadas em arbóreos pesados,

Ora explicitas em clareiras rasgadas

E de verde-vivo alimentam almas

Andando, andando, rumo a oeste

Thales atravessou cidades, vilas e povoados

Deparando-se com a mata devastada

E seus olhos se evaporaram em pranto

Uma velha árvore permaneceu altaneira

Amparando a deusa protetora da selva

Resquício do saudoso recanto tranquilo

Última aragem de uma esperança revitalizada…