Como Seu Thales sabia?

Elda Nympha Cobra Silveira
Escritora e Acadêmica da APL

Deitada no tapete

Apoiada em meus braçinhos

Lia avidamente “A filha da Floresta” e…

 De repente…

Tudo se tornou confuso!

Como que o “seu”Thales “ Castanho de Andrade

Conseguiu  escrever daquele jeito?

Ele não era mais criança!

Será que ele entrou no túnel do tempo?

Só nós entendemos os  animais,

Claro são nossos amigos!

Só quem morou em fazenda

Conhece esse jeito gostoso de viver.

Ah! Para mim, e vou dizer para meus amiguinhos.

Ele ainda deve ser criança.

Brincando com textos de Thales

Ivana Maria França de Negri
Escritora e Acadêmica da APL

(Saudade
Fim do Mundo
A Filha da Floresta
El Rei Dom Sapo
Bem-te-vi Feiticeiro
)

Explorar o Universo infantil
É tarefa mais que sutil

Mesclar sonhos com diversão
Encantamento e paixão

A magia da natureza
Envolve muita beleza

Há também bichos falantes
Em sagas mirabolantes

Vive-se muita aventura
Alegria na forma mais pura!

E o Bem-te-vi feiticeiro
Não passa de um simples mateiro…

No reino da fantasia
Um Rei Sapo é só alegria

E o garoto Agapito
Faz na história todo agito

Luta a Filha da Floresta
Contra a devastação funesta

E as Histórias do Fim do Mundo
Momento de reflexão profundo

Mas o mais belo, na verdade
É o seu livro Saudade…

Thales Andrade, criança grande…

Leda Coletti
Escritora e Acadêmica da APL

Todos somos crianças grandes. Quem não tem sonhos?

Quando menos esperamos, estamos a construir castelos na areia, como as quando estão nas praias. Mas, a maré  vem e eles se desfazem….

Thales Castanho de Andrade foi um sonhador. Seus sonhos eram ricos de idealismo e como tais, não poderiam diluir como os castelos construídos em terreno arenoso e por demais movediços. Para isso buscou um solo fértil – o da Educação-, conhecedor que era das almas infantis e juvenis. Era autêntico educador.

Com histórias, envolvendo personagens humanos, animais e vegetais, ele ensinou ecologia a escolares, desde as primeiras décadas do século passado e continua a fazê-lo nos dias atuais, através de suas ricas obras literárias.. Associa a essas lições ecológicas, civismo e fraternidade, passando-nos a mensagem da harmonia de se viver num mundo em que todos se entendem e se juntam para preservar o que é bom: na natureza, no ambiente em que se vive  e para o que lhe faz bem, sobretudo ao coração.

Nós piracicabanos rendemos um preito de gratidão àquele que semeando palavras a granel, conseguiu produzir frutos que se multiplicarão pelas gerações futuras. 

Lembrando Thales

Ivana Maria França de Negri
Escritora e Acadêmica da APL

A literatura infantil, quer escrita, quer contada, é fascinante. Crianças adoram ouvir, ler e também contar histórias. Seu imaginário é fértil e elas vivenciam as histórias lidas ou que lhes são contadas.

O escritor piracicabano Thales Castanho de Andrade, está sendo homenageado pelos 130 anos de seu nascimento, em Setembro de 1890.

Autor de cerca de 50 obras, foi precursor da preservação da Natureza numa época em que nem se pensava em ecologia. Seus quatro livros da coleção “Encanto e Verdade” são verdadeiras jóias que toda criança deveria ler. São eles: A Filha da Floresta, El Rei Dom Sapo, Bem-te-vi Feiticeiro e O Fim do Mundo.

Sua obra A Filha da Floresta fala sobre a devastação das florestas. El Rei Dom Sapo conta a história do Agapito, menino rejeitado e de má índole, mas que depois de vários acontecimentos, muda suas atitudes e passa a ser um defensor ferrenho da natureza. São obras belissimamente ilustradas pelo artista Alípio Dutra e publicadas pela Editora Melhoramentos, dignas de serem adotadas por escolas de todo o país, e divulgadas mais amplamente.

Minha neta Ana Clara, quando tinha apenas 4 anos, adorava as histórias do escritor Thales Castanho de Andrade, principalmente El Rei Dom Sapo. Meu marido contou certa vez a historinha e ela gostou tanto que pedia a ele que a recontasse todos os dias. O personagem Agapito era o seu preferido.

Certa vez, passeando pelo Shopping, entramos numa livraria, e duas moças, contadoras de histórias, entretinham um pequeno grupo de crianças. Com roupas coloridas, trejeitos e gestos espalhafatosos para dar ênfase a cada frase, as contadoras pareciam mesmo encantadoras de crianças.

Ana Clara se interessou pelas histórias e sentou-se no tapetinho com as outras crianças para ouvir também. Quando as moças terminaram, pediu: – “Conta agora a história do Agapito!”. As duas contadoras de histórias se entreolharam. E ela continuou: -“meu avô sabe!” Ao esclarecermos que era um personagem do livro de Thales Castanho de Andrade, elas confessaram desconhecer a história e o autor.

Como duas piracicabanas que contavam histórias não sabiam quem foi Thales Castanho de Andrade?  Ele é considerado o fundador do gênero infanto-juvenil, que antes era atribuído a Monteiro Lobato. Constatou-se que Thales publicou o livro “A Filha da Floresta” em 1919 e Lobato editou “Reinações de Narizinho” três anos depois, em 1922. Lobato foi destituído do título que passou a ser de Thales.

O garoto Tiago, que foi alvo de matéria na Gazeta, é uma criança que ama ler! E já “devorou” os livros da coleção do Thales, sempre incentivado pela mãe Alessandra. E qual o presente que ele gosta de ganhar? Livros! O amor pela leitura que se forma na infância, perdurará pelo resto da vida.

A Associação Amigos de Thales, com muito empenho e união,  conseguiu a impressão de três mil exemplares desses livrinhos que foram distribuídos nas bibliotecas e escolas. E é preciso dar continuidade a esse louvável trabalho para que a memória de Thales se perpetue e seu rico legado seja conhecido pelas novas gerações.

130 anos de nascimento de Thales Castanho de Andrade

Vitor Pires Vencovsky
Presidente da Academia Piracicabana de Letras

No próximo dia 15 de setembro serão comemorados os 130 anos de nascimento do piracicabano Thales Castanho de Andrade. É uma data importante que merece ser relembrada e comemorada pela grande contribuição que esse educador representou para o desenvolvimento da literatura brasileira.

Foi um dos pioneiros da literatura infantil, principalmente à relacionada ao tema ecologia. Estava muito adiantado para a sua época, pois priorizava em suas publicações a importância do uso adequado dos recursos da natureza para evitar o desequilíbrio dos ecossistemas.

Sua obra literária, composta por quase 50 publicações, foi desenvolvida numa época em que o país era uma sociedade agrícola ou agroexportadora, portanto, o ensino rural era fundamental para atender os filhos dos agricultores. Suas publicações destacavam que a preservação do Meio Ambiente era condição fundamental para a garantia da produção agrícola. Seu livro O Fim do Mundo é o único que não tem um final feliz, pois o mundo chega ao seu final justamente pelo desequilíbrio da natureza apresentado na história.

Thales Castanho de Andrade atuou por 31 anos como educador, 4 anos e meio como assistente técnico do ensino rural e 7 anos e meio na Diretoria Geral de Educação do Estado de São Paulo, sendo um de seus diretores. O trabalho de sua vida reforça como é importante realizar uma educação básica fundamentada e de qualidade, cujos investimentos nessa fase das crianças são os mais acertados para garantir futuros cidadãos.

Saudade, escrito em 1917, foi seu livro mais famoso, utilizado amplamente nas escolas na formação do ensino fundamental até os dias atuais. O sucesso dessa publicação rendeu inúmeros elogias à época: “Saudade fica sendo, de agora em diante, indiscutivelmente o padrão da nossa literatura didática” (Sud Mennucci); “No Brasil, país essencialmente agrícola, o Saudade é o livro ideal”; “No Estado de São Paulo, terra da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, o Saudade é o livro obrigatório”; “Em um programa de ruralização do ensino, Saudade é o livro dos livros”.

A data natalícia de Thales, considerado a maior criança-grande do Brasil, será comemorada no mês de setembro com diversos eventos organizados pela Academia Piracicabana de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba. No dia 15 será feito o relançamento do site www.thalesdeandrade.com.br, que contém grande acervo de documentos, fotos e publicações. De Piracicaba para todos os cantos do Brasil, Thales Castanho de Andrade continua sendo uma referência para literatura infantil e ecológica.